O que já era esperado de fato acontecerá: a partir da próxima semana _ fala-se em 31 de março _ a produtora de games sociais Zynga conquista a sonhada alforria do Facebook. A empresa acaba de anunciar que vai permitir que os usuários se inscreverem em seus jogo s a partir de contas no site Zynga.com, sem vinculá-los necessariamente à rede social. O login do Facebook tem sido uma exigência para Zynga.com desde que a plataforma foi lançada, no fim de 2012.
Com a possibilidade de trabalhar com um login próprio em Zynga.com, a produtora passa a ter sua própria plataforma social para fomentar a criação de um ecossistema e de comunidades de interesse em torno de seus títulos, ao mesmo tempo em que passa a proporcionar aos gameiros, fãs de seus títulos, a possibilidade de construírem novas identidades, sem a obrigatoriedade de uso da verdadeira identidade exigida no registro do Facebook.
Se isso será uma decisão acertada para a saúde financeira da empresa, só o tempo dirá. O sucesso inicial da Zynga na indústria de jogos casuais também foi um dos seus maiores passivos: a excessiva dependência do Facebook.
Desde novembro de 2012, Facebook e Zynga revelaram estar revendo um acordo de longa data (desde 2007) que obrigava a Zynga a dar preferência ao Facebook no desenvolvimento de jogos em troca de privilégios especiais sobre a plataforma da rede social. Privilégios esses que foram sumindo no tempo, não sem antes tornar a produtora completamente amarrada à plataforma da rede social: ao fim do ano passado, 80% da receita da empresa vinha e jogos no Facebook. Uma das franquias de maior sucesso da Zynga, o Farmville, chegou a atrair mais de 82 milhões de jogadores em um único mês no Facebook.
Pós IPO, passou a ser crucial para a Zynga o desenvolvimento de games nas plataformas móveis e ter contas de usuários que permitisse alternar entre os jogos móveis e os da interface deskto. A dependência do Facebook vinha limitando o uso de multiplos dispositivos.
Piorou quando o Facebook começou a tentar ganhar dinheiro através da cobrança de desenvolvedores de aplicativos como Zynga para a veiculação de anúncios que promovessem o download dos aplicativos dos jogos.
No post em que anuncia a novidade, a Zinga diz ter visto surgir na plataforma Zynga.com, até então beta, uma base de fãs dedicados ao redor de seus maiores jogos, animados para se conectarem com outro amigos e formarem comunidades em torno desses jogos que eles compartilham com paixão. Por isso, a partir da semana que vem quem visitar o Zynga.com poderá usar um sistema de inscrição simplificado para criar sua própria conta e convidar os amigos a fazer o mesmo.
Em troca promete recursos como carregamento rápido e presença on-line (que permite que o jogador veja quem mais está jogando) também no ambiente Zynga.com, além de novos recursos não disponíveis no Facebook e o lançamento de jogos exclusivos, nas próximas semanas e meses. O que significa que, no futuro, muitos jogos poderão estar só na plataforma e não mais no Facebook.
Quem já usava os jogos via Facebook vai poder continuar jogando e mantendo sua comunidade de amigos lá, sem prejuízos. Poderão usar suas conexões no Facebook, se quiserem. “Todos os jogadores terão a opção de se conectar com o Facebook e manter seus amigos e seus progressos no jogo, na hora de decidir o que você compartilha com sua comunidade de jogos”, escreveu Cadir Zynga Lee.
O fim da parceria é um passo arriscado. A Zynga certamente tem mais a perder que a própria rede social. Desde que anunciou planos de libertar-se do Facebook a Zynga atravessou momentos difíceis, com queda de valorização de suas ações, cortes expressivos de pessoal e o fechamento de alguns de seus estúdios. O movimento tem sido acompanhado atentamente por analistas de mercado. Mais do que pelos gameiros.
A partir de 31 de março, a Zynga não terá mais que exibir anúncios no Facebook ou que usar créditos do Facebook em jogos Zynga.com, como costumava fazer. Por outro lado, poderá deixar de contar com a força máxima de rede social na divulgação de novos títulos. A Zynga deverá ser tratada pelo Facebook como os demais desenvolvedores de jogos, cujos termos de serviço não permitem a promoção cruzada de jogos fora do Facebook.
Após a publicação do post com a novidade as ações da Zynga subiram um pouco, chegando a serem cotadas a 3,37 dólares nas negociações after-hours.
A separação terá próximos capítulos, com certeza. A ver…